quinta-feira, 23 de junho de 2011

TIMBIRA

Krahô, Gavião-Pykopjê, Krikati, Apinajé, Canela-Apãnjêkra e Canela-Ramkokamekra
São povos que formam a chamada nação Timbira.
 Falantes de uma língua do tronco Jê, foram ocupantes tradicionais de uma grande extenção de terras situada nos cerrados do norte do Tocantins e sul do Maranhão e colonizada a partir do século passado por frentes agro-pastoris.

Sua população atual ultrapassa cinco mil pessoas, distribuídas em 28 aldeias.
Atualmente os territórios ocupados pelos Timbira são descontínuos, formando pequenas ilhas que variam entre 50 a 300 mil hectares, cercadas ou invadidas por pequenas fazendas de criação de gado - totalizando 774 mil ha de cerrados e 62 mil hectares de floresta sub-tropical.
Estas terras estão localizadas numa região onde os conflitos pela posse da terra são violentos.
Nas últimas décadas, a região de Imperatriz (MA) e Araguaína (TO) tem sido alvo de empreendimentos subsidiados por incentivos fiscais visando a industrialização da região.
Para a grande maioria dos Timbira, entretanto, este processo tem significado apenas a invasão e a retaliação de suas terras, com a passagem de estradas de rodagem, linhas de alta tensão e a conseqüente pressão sobre seus recursos naturais.
Apesar do contato permanente com a sociedade nacional há mais de um século e de toda a pressão advinda com o "desenvolvimento" da região, os Timbira têm coseguido manter seus padrões socioculturais.
A reprodução do seu ethos é garantida pelo sistema ritual, as "festas" - valorizadas e apoiadas pelo CTI. Essas festas - marcadas por cantos e corridas com toras específicas - exigem uma farta distribuição de alimentos. Hoje em dia algumas festas se prologam em período de latência por vários meses, até que a aldeia promotora possa providenciar os alimentos e outros itens necessários para a conclusão. Esse rituais marcam a solidariedade necessária ao convívio nas aldeias e são momentos em que se enfatizam as regras de comportamento.

Krahô e Canela
Krahô - Corrida de torasFoto/G.Azanha

Os Krahô (320 mil hectares e população de 1500 índios) e os dois grupos Canela do Maranhão (C.-Ramkokamekra com 1.200 índios e área de 125 mil ha de área) continuam mantendo seus padrõs socioculturais sem muitos problemas. O isolamento relativo da área - e sua distância em relação aos pólos mais dinâmicos e modernos da região - tem contribuído para este fato. Cerca de 85% do território da área Krahô é constituído de cerrado típico, onde os índios caçam, coletam e plantam roças de subsistência nas matas de galeria ou de encostas.
Até a década de 1940, os Apinajé (TO) mantinham, com rigor, seu sistema ritual operante - e com ele toda a estrutura social e cultural que os aproximavam e afastavam, ao mesmo tempo, dos demais Timbira. A depopulação que sofreram na década de 1920, aliada ao engajamento imposto pelo SPI e posteriormente FUNAI nas atividades produtivas de coleta e quebra de coco-do-babçu, vieram a interferir neste quadro.
A invasão maciça de suas terras no ínicio dos anos 1970 e o abandono do calendário ritual contribuiu para a determinação de um horizonte de futuro onde o "continuar sendo índio" era questionado.
 Depois da área demarcada (em 1985) e de uma re-aproximação mais intensa dos demais grupos Timbira, acentuada nos últimos anos pela participação na Associação VytyCati, os Apinajé vem retomando com maior empenho alguns de seus rituais.

Krikati Foto/H. Nagakura

Os Krikati (MA), por força da invasão de suas terras por mais de 500 famílias de "regionais", dispõem de poucos recursos do seu ambiente. Por conta desta situação - e por imposição de uma política equivocada da FUNAI - residiram desde os anos 1970 até recentemente numa única aldeia, São José. A convivência forçada entre subgrupos autônomos foi a causa da instabilidade política permanente que se verifica entre eles (cujo reflexo imediato são as constantes trocas de chefes). Demarcada apenas em 1997, depois de uma longa pendência política e judicial, os Krikati receberam dos invasores uma terra devastada, degradada em seus recursos naturais. Novas aldeias estão sendo estabelecidas em pontos estratégicos do território e o CTI tem projetos para ajuda-los na recuperação de áreas degradadas.
Por outro lado, e apesar da tensão quase permanente, a presença de muitos velhos entre a população Krikati tem propiciado as constantes "festas" em que vive a aldeia - e o respeito com que são tratados pelos demais Timbira como os "guardiões dos cantos dos antepassados". Os Krikati e a torre da Eletronorte
Foto/H. Nagakura


Os Pykobjê estão localizados no município de Amarante (MA) e enfrentam hoje sérios problemas advindos da exiguidade de seu território, de apenas 42 mil hectare, demarcado na década de 1970. Aguerridos e belicosos, os Pykobjê tornaram infrutíferas até meados do seculo passado as tentativas de colonização da região compreendida entre as cabeceiras dos rios Pindaré e Tocantins.

Atualmente estão distribuídos em três aldeias e somam uma população de 540 índios. Confinados em um território exíguo e pressionados por uma ocupação regional predatória e crescente, os Pykobjê estão vendo seus recursos naturais diminuírem gradativamente e inexoravelmente, por ausência de uma política de fiscalização oficial.

Como entre os Krikati, a diferença entre os velhos - mantenedores da "tradição" - e os jovens - que buscam novas formas de viver, orientadas pelo padrão ocidental - vem se acentuando nessas últimas décadas.

http://www.trabalhoindigenista.org.br/povos_indigenas_timbira.asp

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