quarta-feira, 18 de maio de 2011

Indigenismo

é uma doutrina, formulada inicialmente no México como parte do movimento intelectual nacionalista, caracterizada pela defesa e valorização das populações indígenas de um país, região, etc. O marco histórico do indigenismo é o 1º Congresso Indigenista Interamericano, realizado, no México, em 1940, quando os princípios e metas a serem transformados em práticas - ou políticas indigenistas - foram formulados pelos países do continente americano.

Conceito de Indigenismo: quais as faces representadas

a) Indigenismo: política realizada pelos estados americanos para atender e resolver os problemas que confrontam as populações indígenas, com o objetivo de integrá-las à nacionalidade correspondente. (Alejandro Marroquín, 1972).

b) Definição do Instituto Indigenista Interamericano:
“uma formulação política e uma corrente ideológica, ambas fundamentais para muitos paises da América, em termos de sua viabilidade como nações modernas, de realização de seus projetos nacionais e da definição de suas identidades”. (Instituto Indigenista Interamericano, 1991, p.63).
O que dizem os críticos na América Latina e na Europa Idéia Geral:
consideram o movimento como instrumento a serviço dos estados nacionais para destruir a identidade dos povos indígenas e integrá-los à uma cultura nacional homogênea.

Historiadores e seus posicionamentos

Henri Favre: define o indigenismo como
“uma corrente de pensamento e idéias que se organizam y se desenvolvem em torno da imagem do índio. Se apresenta como uma interrogação da indianidade por parte dos “não-índios” em função de preocupações e finalidades próprias deles próprios”. (FAVRE,1976: 72).
 Para Andrés Aubry ,
" o indigenismo não é senão uma resposta do sistema a uma pergunta dos brancos: por que os países pluriétcnicos estão atrasados? Encobre então, uma hipótese: o indígena é um freio ao desenvolvimento. Em vez de questionar a sociedade global e seu modelo de desenvolvimento, deprecia a cultura indígena" (AUBRY, 1982, p.15).
Questões e desafios mais recorrentes do Indigenismo moderno em suas fases iniciais:

A própria definição do termo índio.

Manuel Gamio, primeiro diretor do Instituto Indigenista Interamericano, quando já passava mais de duas décadas a frente da instituição, escreveu o seguinte comentário:
“Há uma questão pendente que tem suma importância para o indigenismo e tem sido objeto de discussão há muitos anos e em especial desde a fundação do Instituto Indigenista Interamericano, mas que até a data presente não pode ser satisfatoriamente resolvida. Essa questão implica três perguntas que parecem fácil de responder, mas que não são em realidade: quantos, quem e como são os habitantes da América que devem ser propriamente conceituados como indígenas?” (GAMIO, 1966, p.175-176).

Indigenismo e sua história

Segundo Marroquín, na avaliação mais exaustiva que se realizou nas três primeiras décadas do indigenismo interamericano,
"o conceito de índio é a chave para determinar o conteúdo e as metas da política indigenista e por isso se explica que haja tanta abundancia de critérios e tantas distorções polêmicas" (1972, p.6-7).1º Congresso Indigenista Interamericano - Pátzcuaro, México, 1940.

Definições ao longo do histórico:

• A Resolução LII define o índio como aquele "indíviduo econômica e socialmente débil”;

• Proposta de definição do II Congresso Indigenista Interamericano (Cuzco, Peru de 24 de junho a 4 de julho de 1949: considerada como a mais completa, complexa e rica de conteúdo, parte da autoidentificação como critério fundamental para a indianidade:

"O índio é o descendente dos povos e nações pré-colombinas que tem a mesma consciência de sua condição humana, assim mesmo considerada por próprios e estranhos, em seu sistema de trabalho, em sua língua e em sua tradição, ainda que estas tenham sofrido modificações por contatos estranhos (...). O índio é a expressão de uma consciência social vinculada aos sistemas de trabalho e à economia, com idioma próprio e com a tradição nacional respectiva dos povos ou nações aborígines”. ( Actas finales, 1959, p.86-87).

Os anos 60 e 70 – contexto desenvolmentista na América Latina

• Os critérios socioeconômicos passaram a ocupar o primeiro posto na definição do índio, deslocando o étnico a um segundo plano durante os anos 60;
• No início dos anos 70, a emergência dos povos indígenas obrigou o movimento a reconsiderar a importância das diferenças étnico-culturais e essa postura se mantêm até os dias atuais.

Posicionamento da Antropologia

Desde uma posição crítica ao indigenismo oficial:

Antropólogo mexicano Guillermo Bonfil Batalla (1992):
"a categoria de índio designa o setor colonizado e faz referencia necessária à relação colonial”.

Que podemos questionar

A partir desta categorização supraétnica se mascara a diversidade dos povos que continuam englobados sob a definição global do colonizado como índio, diferente e inferior, e deste modo “o colonizador racionaliza e justifica a dominação e sua posição de privilégio”. (BONFIl, 1992, p.59).

CRITÉRIOS

• Os critérios para determinar quem são ou não são índios tem apresentado variações ao longo dos tempos e são diferentes em cada país;
• O critério racial é o menos aceito na atualidade como resultado intenso da mestiçagem biológica que se produz na América Latina;
• O critério lingüístico também recebe objeções já que excluem indivíduos que falam somente o castelhano ainda que possuam outras características culturais autóctones;
• Em qualquer caso os censos oficiais mostram uma tendência sistemática a rebaixar o tamanho da população índia com a finalidade de sustentar a hipótese da mestiçagem, "ladinización" o "cholificación", crescente da população indígena.
• Na atualidade, a palavra “índio” tem sido recuperada pelos índios como signo da identidade e da luta;
• O termo “indianismo”, derivado de índio, vem sendo utilizado nos últimos anos para designar a ideologia reivindicativa dos índios e de sua luta contra o colonialismo interno em contraposição ao indigenismo, nascido do interesse, não isento de paternalismo, dos não-índios pelos índios e que


"foi traduzido através do Estado em um aparato ideológico do estado característico da América e destinado a reproduzir a situação colonial interna dos povos indígenas e sua condição de minorias sociológicas"

A expressão "política indigenista" foi utilizada por muito tempo como sinônimo de toda e qualquer ação política governamental que tivesse as populações indígenas como objeto.
As diversas mudanças assistidas no campo do indigenismo no últimos anos, no entanto, exigem que estabeleçamos uma definição mais precisa e menos ambígua do que seja a política indigenista.
Para dar conta desta tarefa, é importante distinguir os diversos agentes que interagem diretamente com os povos indígenas situados em território nacional.

Primeiramente temos como agentes principais os próprios povos indígenas, seus representantes e organizações.
O amadurecimento progressivo do movimento indígena desde a década de 1970 e o conseqüente crescimento no número e diversidade de organizações nativas, dirigidas pelos próprios índios, nos sugere assim uma primeira distinção no campo indigenista:
a "política indígena", aquela protagonizada pelos próprios índios, não se confunde com a política indigenista e nem a ela está submetida.
Entretanto graças as  “Iniciativas Indígenas”, boa parte das organizações e lideranças indígenas vem aumentando sua participação na formulação e execução das políticas para os povos indígenas.

Numa segunda distinção, encontramos outros segmentos que interagem com os povos indígenas e que também como eles, têm aumentado sua participação na formulação e execução de políticas indigenistas, antes atribuídas exclusivamente ao Estado brasileiro.
Nesse conjunto encontramos principalmente as organizações não-governamentais (ONGs).
Soma-se a este universo de agentes não-indígenas as organizações religiosas católicas e protestantes que se relacionam com os povos indígenas há muito tempo em diversos campos de atuação e com objetivos bastante diferentes (mobilização política dos índios em prol de seus direitos; assistência à saúde e educação; evangelização e tradução da bíblia para línguas indígenas, etc).
Contemporaneamente, portanto, temos um quadro bastante complexo no qual a política indigenista oficial (formulada e executada pelo Estado), em muitos dos seus aspectos tem sido formulada e implementada a partir de parcerias formais estabelecidas entre setores governamentais, organizações indígenas, organização não-governamentais e missões religiosas.

http://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/o-que-e-politica-indigenista/na-atualidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Indigenismo

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