Os Marubos são um grupo indígena da família pano que habita o Sudoeste do estado brasileiro do Amazonas, mais precisamente a Área Indígena Vale do Javari. Junto com os corubos, os matises e os matsés, são denominados de modo genérico de maiorunas.
Segundo Mellati o povo marúbo parece resultar da reorganização de sociedades indígenas dizimadas e fragmentadas por caucheiros e seringueiros no auge do período da borracha. Contudo como assinala o autor, que classifica esse
grupo indígena na área cultural Juruá–Ucayali, tal movimento étnico de dispersão e reagrupamento pode remontar a tempos mais antigos, como sugerem nomes de seções marúbo em outros povos panos vizinhos. Melatti observa ainda que a referida área cultural delimitada por Galvão pode ser melhor compreendida como Javari-Purus abrangendo assim uma maior proporção dos grupos Pano.
No Relatório sobre os índios Marubo apresentado por Melatti e Melatti à FUNAI por ocasião da construção da rodovia Perimetral (BR-307 ) na região, segundo o qual Marubo não é o nome que corresponde a uma autodenominação e sim um nome que os civilizados lhes atribuem.
Parece não haver um termo específico para essa autodenominação pois o, já cogitado, termo yora não denomina apenas a seu grupo, mas a todos os indígenas contapondo-se ao termo nawa, com que chamam os civilizados.
Os Marubo vivem no alto curso dos rios Curuçá e Ituí, da bacia do Javari, no município amazonense de Atalaia do Norte. Em 2000, a população total era de 1.043. Sua língua se inclui na família Pâno. Nos mitos e nos cânticos de cura há um vocabulário paralelo que substitui muitas palavras de uso cotidiano. Atualmente os jovens do sexo masculino podem se comunicar também em português. Os mais velhos conhecem algumas palavras de quêchua e de espanhol.
Para atingirem os centros urbanos, ou descem esses rios, alcançando, nas proximidades da desembocadura do Javari no Solimões, Atalaia do Norte (onde fica a sede de administração regional da FUNAI), Benjamin Constant e a cidade colombiana de Letícia, ou então, no sentido oposto, cruzam o divisor de águas que os separa do Juruá, para chegarem a Cruzeiro do Sul, no Acre.
Características culturais
Os marubos não diferem essencialmente dos demais povos pano dessa região sendo que, como assinala Pantone foram os primeiros povos indígenas do vale do Javari a fazer contato com estranhos na virada do século XX sendo por conseguinte, em detrimento de outras tribos do Vale, os primeiros a ter acesso a armas de fogo adquirindo poder e capacidade de dominar todas as outras tribos do Javari.
CRENÇAS RELIGIOSAS
Entre os panos crença num deus supremo. Xamanismo com utilização de paricá, tabaco, chicha. Melatti descreve ainda a utilização da ayahuasca e vacina do sapo ou a "injeção de sapo" (secreção da perereca Philomedusa bicolor) usada para dar ânimo, tirar a preguiça, tirar o panema.
Há entre os marubos, dois tipos de agentes da magia.
Um deles, que entra em transe e recebe em seu corpo espíritos de outras camadas do universo enquanto sua própria alma visita essas camadas, exerce mais do que atividades de cura, uma vez o simples contato com esses seres já é razão suficiente para procurar comunicação com eles.
O outro tipo é constituído por aqueles que entoam cânticos de cura sobre os doentes. Ambos os tipos fazem uso da ayahuasca e do rapé de tabaco.
Ainda segundo Melatti (2006), para os marubos o universo é constituído de várias camadas terrestres, das quais a superior é aquela onde vivemos, e várias camadas celestes. Para os seres humanos talvez a camada celeste mais importante seja a segunda, contando-se de baixo par cima, pois é para lá que devem se dirigir suas almas após a morte, através do percurso de um caminho cheio de perigos, a cujos obstáculos aqueles que não seguiram as regras sociais sucumbem. Observe-se a concepção do não cumprimento das regras sociais associado à morte e adoecimento. As doenças na concepção marubo , conforme os cânticos de cura, se formam de partes de outros seres (mítico membros e órgãos e pedaços de animais abatidos por um herói mítico). Melatti (2006)
No que tange ao ciclo de vida, o rito mais visível é o funerário, que no passado envolvia a cremação, a pulverização dos ossos e sua ingestão pelos parentes dentro de um alimento pastoso, seguido do desfile com partes do corpo do morto no sentido de ajudar a sua "alma do coração" a encontrar o caminho das provas post-mortem. Atualmente, o cadáver é envolvido na sua rede e levado pelas pessoas que mantém com o defunto as relações mais distantes para o cemitério, bem afastado da maloca, onde é depositado numa sepultura, sobre a qual se constrói um pequeno tapiri.
É pela mitologia que os Marúbo descrevem o Universo e contam como se formaram. De um modo geral, os seres são sempre feitos de partes de outros seres, a começar pela superfície terrestre, composta de partes moles dos corpos de animais mortos, enrijecidas pelos seus ossos. A água dos rios e os seus peixes também são feitos a partir de outros seres, bem como os vegetais da floresta. Do mesmo modo surgiram as plantas cultivadas, segundo um dos três diferentes mitos que contam sua origem.
As roças se estendem a partir da colina onde se ergue a maloca, para os vales e colinas vizinhas. Uma clareira para as novas roças é aberta coletivamente pelos homens e depois dividida entre as famílias elementares, que plantam os três vegetais básicos na alimentação: o milho, a macaxeira (aipim) e a banana. Além do mamão, goiaba, e os destinados a outras finalidades, como o tabaco, a urtiga e o algodão.
A pesca individual se faz com anzol, e a coletiva, com ajuda de um entorpecente cultivado, cujas folhas são pisadas com terra em buracos, de modo a se fazerem pequenas bolas com a mistura, que são dissolvidas na água.
A maloca abriga várias famílias sob a liderança do dono da casa. Este, como qualquer outro homem, pode estar casado também com uma ou mais irmãs de sua esposa. Com ele pode morar o irmão de sua esposa, filhos casados ou sobrinhos (filhos da irmã) casados com suas filhas. Cada mulher e seus filhos ocupam o espaço quadrado onde dispõem suas redes, erguem um pequeno jirau para guardar objetos, alguns metidos nas palhas da parede, e mantêm um fogo de cozinha no lado desse espaço voltado para o centro da maloca. O homem que tem mais de uma esposa pode estar ora no espaço de uma, ora no de outra.
As mulheres comem no centro da casa sentadas em esteiras sobre o chão. Junto à porta dos fundos há no chão um tronco escavado, de uns três metros, como um cocho, onde as mulheres trituram grãos e frutos com ajuda de uma pedra chata retangular. Na ausência dos homens, algumas mulheres se aproximam das portas, as únicas entradas de luz, para furar pedacinhos de conchas de caramujos de que fazem contas para diferentes pendentes e colares.
Talvez os ritos menos formais e freqüentes sejam as refeições e as festas de beber, para as quais uma maloca convida os vizinhos, quando há carne de caça de sobra ou macaxeira, milho ou pupunha. Mais elaborada e mais rara é a festa Tanaméa, em que a maloca anfitriã limpa os caminhos até as malocas convidadas, e abre algumas clareiras para nelas receber com bebida os convidados que se aproximam. A entrada destes na maloca anfitriã é agressiva, escavando o pátio externo e destruindo as palhas das paredes. Em compensação, os moradores da maloca podem tomar dos convidados os enfeites que trazem.
http://www.trabalhoindigenista.org.br/povos_indigenas_marubo.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marubos
imagem site http://marubotribe.wikispaces.com/Marubo+Tribe
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