terça-feira, 24 de maio de 2011

A origem dos Yanomami

A palavra ianomâmi significa ser humano, enquanto que napë é a designação geral para o estrangeiro, o não ianomâmi.




Os Ianomâmis são um povo indígena da América do Sul com cerca de 27.000 pessoas.
Eles vivem na fronteira Brasil-Venezuela, perto da Serra Parima, onde nascem os rios que mais tarde acabam no rio Negro, na bacia do Rio Amazonas e no Orinoco, na Venezuela.
Os Ianomâmis que vivem no território brasileiro são cerca de 7000. Eles foram distribuídos em uma enorme região de cerca de 94.000 quilômetros quadrados.
Os Ianomâmis vivem em aldeias de forma oval chamadas shabono, cujo telhado é comum.

Eles praticam uma agricultura de subsistência, baseada principalmente nas culturas de mandioca e banana, além da caça, pesca e colheita de frutas silvestres.
A dieta dos Ianomâmis é particularmente pobre em sal e a sua pressão arterial é muito baixa. 
Alguns praticam endocanibalismo ou hábito de comer os restos cremados de seus entes queridos.

A cerimônia de cremação é muito complexa, mas o objetivo final é o de libertar a alma do corpo para que possa viver uma vida espiritual calma eternamente. Depois de queimar o corpo, os ossos são triturados e depois se faz o endocanibalismo, ou a ingestão das cinzas dos ossos de parentes falecidos. Além disso, todos os objetos pessoais do morto são queimados, porque se acredita que podem esconder alguns espíritos malignos.

Segundo alguns linguistas, a língua do grupo Ianomâmi faz parte do Macro-jê, mas de acordo com outros estudiosos, é uma linguagem completamente diferente, que inclui outros quatro dialetos (Ianomans, Sanum, Ianan e Ianomamo).
O fato de que a língua dos Ianomâmis tenha sido considerada por muito tempo como um idioma isolado, levou alguns antropólogos a definirem os Ianomâmis como uma raça pura, descendentes diretos dos asiáticos que chegaram ao continente americano pelo estreito de Bering há 14 milênios.

Em minha opinião, esta tese está errada, tanto porque os Ianomâmis historicamente invadiram as terras dos Macu (chamados também Borowa) e se misturaram com mulheres pertencentes a diferentes tribos, como também porque alguns deles têm os olhos verdes e a pele clara, típicos traços caucásicos e, por conseguinte, resultados de cruzamentos com os europeus, muito provavelmente espanhóis que buscavam a mítica cidade de Manoa (ou Eldorado), a partir de 1540, ou com outros caucásicos que chegaram ocasionalmente a América.
Se se observa com atenção os rostos dos Ianomâmis se nota, portanto, que sua origem é misturada: principalmente asiático, mas também negróide e caucásico, como comprovam a forma do nariz e os olhos verdes de algumas pessoas.

Por não possuírem afinidade genética, antropométrica ou lingüística com os seus vizinhos atuais, como os Yekuana (de língua karib), geneticistas e lingüistas que os estudaram deduziram que os Yanomami seriam descendentes de um grupo indígena que permaneceu relativamente isolado desde uma época remota. Uma vez estabelecido enquanto conjunto lingüístico diferenciado, os antigos Yanomami teriam ocupado a área das cabeceiras do Orinoco e Parima há um milênio, e ali iniciado o seu processo de diferenciação interna (há 700 anos) para acabar desenvolvendo suas línguas atuais.


Segundo a tradição oral yanomami e os documentos mais antigos que mencionam este grupo indígena, o centro histórico do seu habitat situa-se na Serra Parima, divisor de águas entre o alto Orinoco e os afluentes da margem direita do rio Branco. Essa é ainda a área mais densamente povoada do seu território. O movimento de dispersão do povoamento yanomami a partir da Serra Parima em direção às terras baixas circunvizinhas começou, provavelmente, na primeira metade do século XIX, após a penetração colonial nas regiões do alto Orinoco e dos rios Negro e Branco, na segunda metade do século XVIII. A configuração contemporânea das terras yanomami tem sua origem neste antigo movimento migratório.

Nos últimos anos houve várias disputas e controvérsias a respeito dos indígenas Ianomâmis. Em particular, em 2000, os cientistas Napoleão Chagnon e James Néel tomaram mostras de sangue de alguns indígenas e as enviaram ao exterior sem lhes informar que se manteriam por tempo indefinido naqueles laboratórios.
Tal prática, contrária às crenças Ianomâmis, que consideram tabu a conservação de sangue ou partes do corpo de um defunto, foi denunciada e se pediu a devolução do sangue obtido, mas até hoje não foi feito nada para tentar solucionar o ocorrido.
Os dois cientistas foram acusados também de haverem introduzido vírus e bactérias (inconscientemente) nas terras Ianomâmis e de haverem indiretamente facilitado a entrada de garimpeiros (buscadores de ouro) na zona.

A entrada de aproximadamente 40.000 garimpeiros a partir de 1990 no território indígena Ianomâmi é um problema sério. Com efeito, os buscadores de ouro são violentos e determinados em seu objetivo, sem se preocupar com o ambiente e sem respeitar a vida dos indígenas.

Outros opinam, ao contrário, que as demarcações de imensas áreas indígenas (muito maiores do que uma pequena população autóctone possa necessitar) são muito estranhas.
Não só a área indígena Ianomâmi, senão também outras áreas indígenas amazônicas, desproporcionais em relação à escassa população de nativos, fechadas a qualquer jornalista ou investigador externo, seriam, desta maneira, zonas controladas não pelo governo federal, mas sim por organizações externas que poderiam efetuar pesquisas de todo tipo (mineiras, biodiversas, de exploração hídrica), sempre com a dócil aprovação de indígenas ingênuos.

YURI LEVERATTO
Copyright 2010
Artigo traduzido por Victor Kawakami
http://www.yurileveratto.com/po/articolo.php?Id=155

http://www.proyanomami.org.br/v0904/index.asp?pag=htm&url=http://www.proyanomami.org.br/base_ini.htm

Nenhum comentário:

.